segunda-feira, 29 de setembro de 2008

É Desta Que o País Pára!

Segundo o Infarmed, há medicamentos contrafeitos à venda em Portugal. Quer dizer, já não bastava sermos um país de mandriões, que agora até vão começar a medicar aqueles que ainda fazem algum? Essa agora!

Sei Que a Lei do Desenrasca não É tipicamente Portuguesa quando...

...folheio o Jornal de Notícias e leio isto.

Sei Que os Jornalista Costumar Dar Pontapé na Gramática quando...

...Leio "Irão vai continuar a enriquecer urânio".


Ok, se calhar este exemplo não é válido. Mas estes são: encornados em vez de encarnados; broches em vez de Borges; Saddam deve -se vir a ser enforcado em vez de ...?...

Desconfio Que Comprar Livros É Cada Vez mais Uma Coisa do Passado quando...

...a fábrica da Lee encerra.

Desconfio Que Cada Vez Há mais Mendigos nas Ruas de Pequim quando...

...oiço um chinês dizer: o plóximo passo é il pla Lua.

domingo, 28 de setembro de 2008

Também Eu Fui Vítima da Onda de Assaltos Que Assolou o Nosso País

Assim que entrei no estabelecimento das bombas de combustível senti um calafrio: algo não batia certo. Acho que tive a certeza do que estava a acontecer, quando os meus olhos se cruzaram com os olhos doutra vítima. Imediatamente olhei em meu redor. Bandidos! Ao todo eram três - dois estavam de volta do balcão a efectuar o servicinho e o outro estava dissimulado pela prateleira dos jornais. Um deles fez-me sinal para avançar. Senti as pernas a fraquejar.

Enquanto avançava, pensei em tudo e mais alguma coisa: tão depressa julgava que era novo de mais para estar num aperto daqueles, como no instante seguinte me culpava por ser velho de mais. Um velho que desperdiçara uma vida inteira a pôr os sonhos de parte, com a desculpa de estar a economizar para quando chegasse a altura certa. As viagens que não fiz, o doutoramento que sucessivamente adiei, as aulas de violino que não ouvi, a prenda ideal que não encontrei...Mas porquê a mim, ó meu Deus?! Por momentos, deixei de ser ateu.

Aquela meia dúzia de passos, foram talvez os mais extenuantes que já dei. Pensava nos meus sobrinhos. É este o mundo que os espera? Senti um nó na garganta cada vez mais sufocante. Foi então que ouvi pela primeira vez a voz de um dos bandidos: pediu-me o dinheiro. Falava com certeza na voz, pois sabia que eu não iria oferecer resistência. Sem pestanejar, dei-lhe todo o dinheiro que trazia comigo. No final pergunta-me: o sr. deseja o talão? Nem lhe respondi.

Ao preço a que o combustível está, foi uma sorte não ter lá deixado um rim ou um fígado...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Valentim Loureiro Vai Pensar Duas Vezes antes de Entrar no Próximo Avião

Convenhamos, os detectores de metais e os sistemas de raio x estão completamente obsoletos. Mas como os cientistas e outros que tais não têm vida social, eis que surgiu Malintent.
Este menino esmiúça o nosso corpo, analisando características físicas imperceptíveis a olho nu: temperatura corporal, ritmo cardíaco e respiração.

Ora, da maneira que Valentim Loureiro é intempestivo, estapafúrdio e vozeirão, o melhor é ele não pôr os pés num aeroporto. Ainda o acusavam de terrorismo e o homem, tirando uma falcatrua ou outra, não faz mal a uma mosca.

Ele não É Flor* Que Se Cheire. mas também não É Preciso Espezinhá-lo, Que Diacho!



Espera, se calhar até é. É bem pensado sim senhor.
George W., desculpa lá a sinceridade. Ok?


* Arbusto

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

What Could Possible Go Wrong?



Podia correr bastante pior. Vamos imaginar que Conan aterrava na televisão portuguesa. Estão a imaginar o homem na Tertúlia Cor-de-Rosa? N'As Tardes da Júlia? Morangos com Açúcar? Malucos do Riso? Teresa Guilherme? As Escolhas de Marcelo? Programa Da Lucy?
Eu nem quero imaginar...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

E agora?

Feitas as apresentações, este blogue vai seguir o seu caminho. Aparentemente, o próprio maquinista desconhece qual o rumo a tomar.
Apenas sei que nadar sei - o meu estilo favorito é bruços - e que se gostasse de brócolos à brava, este blogue chamar-se-ia Blócolos Salteados.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Capítulo III - em Que Se Dá a Saber Quem É Este Sujeito, com Outras Bagatelas Que não Há Direito de Omitir

Muito se tem dito e ouvido sobre este sujeito ao longo da sua vida. A maior parte das vezes pelo próprio, quando fala com os seus botões, mesmo que, acompanhado.

Em 1980 nasce em Cova da Piedade/Almada. Esta imprecisão geográfica terá sido marcante, já que este sujeito tem andado constantemente à nora. Apesar disso, não lhe é conhecido nenhum filho.

Teve uma infância aos altos e baixos, pois era muito dado a quedas.

Bastante perspicaz, cedo se apercebeu que Deus todo-o-poderoso, nada tinha a ver com essa seita intitulada de clero. Decorria o ano de 1982, mais precisamente o dia 14 de Maio de 1982. Naquele dia, ao mesmo tempo que alegadamente perdera a sua chucha - à qual carinhosamente chamava biba -, Portugal recebe o papa João Paulo II. É com grande esgar que assiste pela televisão, àquele que ficou conhecido como o maior conto do vigário de todos os tempos: o papa veio a Portugal para lhe tirar a biba, e tinha o povo do seu lado! "Biba ó papa, biba ó papa", gritavam.

Em 1985, apodera-se deste sujeito, um tenebroso medo pelo escuro. Apesar disso, não é de todo racista.

Teve uma infância feliz e inclusive ainda hoje é considerado o melhor aluno da escola. Aparentemente, a sua professora agarrava-o constantemente pelo lóbulo da orelha como que a dizer: "este sujeito é d'aqui! é mesmo bestial"!

Por razões de logística nunca viveu a fase do armário, mas sim a fase da mesinha-de-cabeceira.

Por volta de 1994 interessa-se à séria por futebol. Esta aproximação ao desporto-rei leva, contudo, a um afastamento faseado relativamente à poesia, devido ao lirismo pouco vernáculo de Gabriel Alves. Seria somente com Artur Jorge, com um discurso mais Haikaísta, que este sujeito se sentiria preparado para compreender futebol.

Em 1996, teve uma das maiores desilusões da sua vida. Enquanto assistia in loco à gravação de um documentário - do National Geographic - que envolvia um tal de papa-léguas e um coiote, é vitima de um acidente com um dos adereços, ACME, que rebenta na sua cara. Anos mais tarde veio a descobrir que era um adereço contrafeito, de marca acne.

Ainda na adolescência, é vitima de um assalto. Minutos depois terá dito "já o meu avô dizia: mais vale um sujeito, masculino, ser assaltado, do que ter que andar de saltos altos". Ainda hoje quando se lembra deste episódio, lamenta que o conde Castelo Branco não tenha tido um avô que o orientasse.

Já em idade adulta, chumba na inspecção militar, alegadamente por excesso de habilitações. O sargento-mor terá dito ao cabo "não queremos cá espertalhões desses. manda-o bugiar!".

Constantemente à nora, tem dificuldade em distinguir a esquerda da direita, e por isso afasta-se da política. Essa decisão terá agradado a seus pais, que ambicionavam mais para este sujeito que uma vida circense. Ainda assim, tenta uma rentrée politica e funda o PAM (Partido Ao Meio).

Em 1999, inicia a vida académica universitária num curso de 4 anos. Aprendeu muito ao longo desses 6 anos, mas alegadamente, já terá esquecido quase tudo. Na memória perdura a experiência Erasmus, uma bactéria que a dada altura assolou a cozinha da FSCH, o prazer de ter sido discípulo desse grande guru que é Rui Zink e pouco mais.

A título de curiosidade, este sujeito não leva a mal quando o acusam de ter telhados de vidro e refuta os invejosos: a clarabóia do vizinho, é sempre mais reluzente.

A sua personagem histórica favorita é Leonardo Da Vinci, apesar de o considerar um sovina. Com a taxa de inflação dos dias de hoje, continuar a Dar Vinte é manifestamente pouco.

Nos últimos dias tem vivido atormentado por expressões do tipo Ai, caramba!; Eh, carapau! ou mesmo Oh diacho!, terem caído em desuso.

Recentemente, recusou o convite para ser o 1º português no espaço, por ter medo das alturas.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Capítulo II - em Que Se Trata das Razões Concernentes à Necessidade de Criar Este Blogue e a mais Nenhum Outro

Sim, escrevo.

Escrevo para não esquecer. Por vezes ponho-me a pensar ao ponto de ter que anotar, pois são tantos os caminhos a percorrer pelos meus pensamentos, que não há desfiar que consiga encontrar o fio à meada neste labirinto. As ideias, essas saltam de caminho em caminho numa azáfama constante. Alguns percursos são terminados, outros deixados a meio. Alguns apresentam-se como autênticos becos sem saída, mas todos eles são percorridos de fio a pavio. Enfim, ideias difusas.

Escrevo porque sinto que coexistem inúmeras vozes dentro de mim. À medida que vou ouvindo os seus sussurros sinto que, numa perspectiva de justiça Romântica – em que o artista deixa de ser um imitador e põe a sua imaginação a trabalhar, criando uma sub-realidade no momento em que transmite o seu sentir e pensar -, devo dar a estas vozes a possibilidade de comunicarem. Estas não têm cordas vocais para vibrar com o poder da palavra. Não, para elas o caminho da comunicação é apresentado entre estas linhas.

Escrevo porque alguém um dia disse que uma imagem vale mais que mil palavras. Desde então comecei a escrever. O meu objectivo é escrever mil vezes mais que todas as imagens que povoam o meu imaginário. Tive a sorte de ouvir tal afirmação ainda era eu pequeno já que desta forma, consegui desenvolver a capacidade – peculiar na perspectiva de quem presencia, extremamente útil na minha – de escrever com as duas mãos em simultâneo.

Escrevo porque palavras leva-as o vento. Contudo, seria preciso uma catástrofe para arrancar dos olhos do leitor a profundidade de algumas palavras. Seria preciso uma borrasca tal que, quer fosse figurada, quer fosse num copo de água, seria o elemento condutor nesta ligação doentia do tipo palavras escritas/palavras lidas. E que interessa que o vento as leve? O que o vento leva, o vento traz; é deste corrupio, roda viva afã, que resulta a comunicação.

Escrevo porque acredito na comunicação. E quando Horácio profetizava que “as palavras muitas que hoje desapareceram, irão renascer; muitas, agora cheias de prestígio, cairão se assim o quiser o uso”, receio pensar que as suas concisas e coesas palavras sentenciem a sua própria extinção. Não devemos pois, evitar utilizar o nosso vocabulário. Em ocasião alguma podemos recear que as nossas palavras nos atraiçoem.

Escrevo porque sou um leitor compulsivo. Leio tudo o que estiver ao alcance dos meus sentidos: leio a informação impressa na caixa de cereais madrugadora; leio os conselhos de utilização do meu champô diário; leio os sinais do tempo na natureza; leio os pensamentos das pessoas; leio a contra capa de um livro que já li; leio nas entrelinhas; leio os criativos anúncios que acompanham os meus passos; leio o rosto dos transeuntes; leio a palma da minha própria mão; leio a ementa do restaurante mesmo que não tenha fome; leio os panfletos que o próprio vento se encarrega de distribuir; leio na diagonal, o jornal do vizinho do lado. E enquanto estou a ler, estou também a pensar que decerto existem outros que, como eu, não conseguem parar de alimentar o vicio da leitura. É para eles – os tais outros como eu – que escrevo.

Escrevo porque ao escrever sou obrigado a reler. E ler, é o melhor exercício para os neurónios já que obriga a vários processos cognitivos ao mesmo tempo, mantendo a mente tonificada. Ao ler estamos inconscientemente a juntar as peças de um código – o alfabeto – e a formar sons com esse código; depois pensamos no conceito associado e por fim formamos imagens correspondentes ao que vamos lendo (no meu caso especifico, escrevendo, lendo e relendo, quase que em simultâneo). Todo este processo estimula a imaginação que por sua vez estimula o processo quer da escrita, quer da leitura.

Escrevo porque em todo o lado o posso fazer. Posso escrever na areia, apesar de saber que a água, ciclicamente, se encarregará de levar as minhas palavras. Tal acto não me incomoda, pois alguns dos meus melhores pensamentos foram escritos e transcritos nas nuvens e esses, também o vento tratou de transportar.

Escrevo porque sei escrever. Mas mais importante, escrevo porque posso. E posso porque inventaram a escrita, o papiro, o pergaminho, o papel, as encadernações, a prensa, o lápis, os jornais, as revistas, a caneta, a máquina de escrever, o computador, o papel reciclado, e ainda porque alguém olhou para as penas dos gansos com olhos de ver.
Não é curioso que as primeiras pinturas rupestres (4500 a.C.) e inclusive a escrita (4000 a.C.) tenham surgido antes da roda (3200 a.C.), do sabão (3000 a.C.), da colher (1490 a.C.), do ábaco (550 a.C.), das engrenagens (300 a.C.), dos moinhos de vento (644 d.C.) ou até mesmo da manivela (834 d.C.) que muitos precisam para povoar o imaginário?
Se algum mau entendedor munido de pedras e de palavras do tipo : o que tu dizes não se escreve a ele eu direi ( no caso escreverei, lerei e relerei): Cuidado! A pedra ou a palavra não se recolhe depois de deitada. Quanto ao resto, se o que eu digo não se escreve, deixo de falar. Ao falar estou a semear, mas ao calar-me estou a colher. O meu objectivo ao escrever ventos, é colher tempestades.

Seja a escrita cuneiforme, pictográfica, mnemónica, hieroglífica, hierática, epistolográfica, ou fonética, todas têm como finalidade a partilha de conhecimento. E se o Henri Bergson - prémio Nobel da literatura - que moldava a metáfora, a imagem e a analogia como poucos conseguem fazer , afirma que “falhamos ao traduzir exactamente o que se sente na nossa alma: o pensamento continua a não poder medir-se com a linguagem”, então eu continuarei a escrever até que as mãos me doam. Mesmo que tenha que lutar contra ventos e marés, a escrita há-de continuar a ser a forma mais simples de comunicar. As palavras, essas podem ser confusas, sonoras, complexas, escritas, imaginadas, soltas, engraçadas ou até mudas. Mas continuarão a ser a mais poderosa arma ao dispor da humanidade.

Capitulo I - Que Antecede o II e Versa Sobre o Que Me Levou a Criar Este Blogue

Este blogue nasceu porque.