Deus tem uma Personalidade excepcional, com direito a maiúscula e tudo, mas também tem um feitiozinho que eu vou-vos contar... Dito isto, não preciso de confiar na Sua magnanimidade de modo a não ser fulminado enquanto escrevo - até agora tudo bem, sinto apenas um ligeiro ardor no couro cabeludo, mas julgo que nada tem a ver com uma hipotética fulminação - mas sim na Sua ubiquidade. Por estar em todo o lado, também tem acesso aos meus pensamentos e, aparentemente - agora sinto comichão...estou a começar a ficar preocupado! -, percebe-me. Aliás, a única pessoa que Ele não entende é Octávio Machado, mesmo que este termine todas as orações com "Vós sabeis do que estou a falar".
Um dos defeitos mais apontados é a Sua timidez. Sendo a Sua doutrina a Tal, e tendo em conta que há por aí muita gente que pratica o mal apenas e só porque não aceita a Sua existência, por que razão é que Deus não aparece a todos nós de uma só vez - salvaguardando possíveis fuso-horários - e põe os pontos nos is, tintim por tintim, em pratos limpos, preto no branco? Por que razão é que fala por imagens ou apenas aparece em sonhos? Por que razão é que um gajo tem de ir para o meio do deserto ou subir a uma montanha para conseguir uma vaga na Sua agenda? Sem testemunhas sem nada! - é pá...se calhar já me estou a esticar nas críticas; estou a brincar com o fogo! Com o fogo talvez não, que esse é o departamento do outro. Neste caso estou a brincar com as nuvens, o que, a meu ver, é bastante pior pois arrisco a apanhar uma pneumonia Daquelas.
Os Seus detractores apontam também a idade como principal causa para algum descontentamento. Apesar da doença de Alzheimer nos Deuses, apenas se manifestar por volta dos 8 biliões de anos, dá a sensação que Deus esquece-se de trabalhar. Nada disso: Deus come queijo que se farta e acaba por se esquecer das Suas tarefas. Por que razão existem tantos queijos só em França? Deus inventava um, comia que se fartava, esquecia-se, inventava outro, comia que se fartava, esquecia-se e por aí fora.
Terá sido após inventar o Camembert que resolve descansar. Afinal, era o 7º dia. Com Ele levava apenas uma muda de túnica, o tal queijo e alguns formulários de pedido de patentes, não fosse o diabo tecê-las.
Ao longo dos anos, tem sempre levado um queijo Consigo e por vezes, esse 7º dia prolonga-se por alguns dias e o mundo segue desgovernado, pronto a descarrilar fora de órbita a qualquer momento. Quando Deus regressa ao seu escritório, leva as mãos à cabeça, e ai Jesus que lá vou eu, e começa a limpar a secretária: queixas, pedidos, requisições, confidencias, coscuvilhice, dizimas, insultos, plágio, notificações, promessas, álibis, enfim, problemas seguramente bem mais bicudos que o meu chapéu, que só tem três!
É nestas horas de aperto, que Deus costuma lembrar-se da utilidade de um profeta. Jesus Cristo foi uma boa escolha, sem dúvida. Até hoje não há nenhuma queixa relativa ao trabalho de JC, nem sequer um orçamento a puxar para cima a um qualquer móvel de cozinha. O problema de JC foi a rapidez com que o resto da humanidade o colocou numa encruzilhada.
Vai daí, Deus de quando a quando lembra-se de instruir um novo profeta: já promoveu anfíbios; peixes; pássaros; cobras - esta espécie não se afirmou por motivos de logística: aparentemente a peçonha deixa nódoas na túnica - ; dragões-de-komodo - o carácter de super predador deste terá levado ao desaparecimento de alguns apóstolos - e sempre com resultados pouco satisfatórios. Alguns dos peixes chegaram a envolver-se em quezílias com o Padre António Vieira, por este andar a pregar-lhes coisas que Deus já tinha feito anteriormente, num encontro numa montanha algures no meio do deserto.
O último profeta que se conhece é....um tubarão cujo nome de baptismo do seu progenitor é Tidbit.
Num futuro próximo - ou não - , irei discorrer sobre a alegada escolha deste tubarão como o novo profeta. Fiquem sintonizados: http://apitocombloguio.blogspot.com/
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1 comentário:
"Aliás, a única pessoa que Ele não entende é Octávio Machado, mesmo que este termine todas as orações com "Vós sabeis do que estou a falar"." -
o Octávio Machado acha que tem um "que" de profeta, por isso é que fala nas entrelinhas, por meio de simbologia mística e esotérica. No caso dele é mais eso-histérica.
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